Por esses tempos que não voltam mais:
Dias ensolarados conduzidos à exaustão
De uma infância furtiva que se desenrolou em um piscar de olhos.
Centelha translúcida que atravessa a memória
E traz consigo a angústia de um espaço perdido na órbita do tempo.
Enigma, enigma, enigma de um passado que jamais será ressuscitado.
A precariedade da vida mata
As crianças que insistem em ressoar nos limites de minha orelha vazia.
A dor em meu peito se transforma em ânsia estomacal
Sinto a necessidade de regurgitar tudo aquilo que presenciei,
Pois sei
Sei que jamais reconquistarei esta ausência.
*Diane Arbus, Un bébé en pleurs, 1967